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Arquitetos: Rintala Eggertsson Architects, TYIN Tegnestue; Rintala Eggertsson Architects, TYIN Tegnestue
- Área: 123 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Pasi Aalto , Andrew Devine
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Fabricantes: Kebony, Livos Naturmaling, Norsk Spon
Serenidade, Brisa do Mar e Sensibilidade
Trabalhar em uma ilha pitoresca com a majestosa cadeia de montanhas Lofoten como pano de fundo pode parecer um cenário de sonho para qualquer arquiteto. No entanto, há desafios significativos para um projeto deste escopo, numa localização tão remota. À primeira vista, Fleinvær pode parecer dura, varrida pelo vento e castigada pelo tempo. Ao mesmo tempo, a pequena ilha possui uma fragilidade menos óbvia.
"Dado o contexto do projeto, foi natural convidar Sami Rintala e seu escritório Rintala Eggertsson Architects para se juntarem ao time. Ele tem uma grande experiência nesta escala, e uma capacidade única de trabalho de campo em arquitetura em condições difíceis. Nos sentimos mais seguros quando ele concordou em participar", disse Andreas Grøntvedt-Gjertsen, do TYIN tegnestue architects.
O quarteto se tornou um quinteto, e o trabalho prático pôde então começar. A primeira etapa consistiu em dividir o projeto em vários marcos menores. O local de construção foi submetido a uma análise tridimensional minuciosa, realizada em cooperação com estudantes de arquitetura da NTNU (Norwegian University of Science and Technology). O estudo ofereceu uma visão geral do terreno, o que foi fundamental para orientar o desenvolvimento do projeto. A realização de uma intervenção modesta no solo foi um importante princípio para o processo de construção, pois vegetações terrestres existentes, como os musgos, contribuem para o esplendor natural de Fleinvær e se retirados durante a construção, levariam décadas para crescer novamente. A ilha também é uma área de nidificação para gaivotas e aves marinhas. Portanto, a preocupação com o ambiente natural se reflete nos pequenos volumes construídos e numa cuidadosa adaptação ao terreno. O contato sutil das edificações no solo também possibilitaria uma futura remoção dos edifícios sem causar danos extensivos ao ambiente natural.
"Nós tomamos o cuidado de gerar o menor número possível de 'feridas' em Fleinvær. Conseguimos isso, em parte, projetando bons caminhos, espaços entre as casas e uma lareira comum. Isso evita o tráfego nas áreas mais sensíveis da ilha", explica Sami Rintala.
Logística e Lógicas Arquitetônicas
Os arquitetos do TYIN tegnestue e do Rintala Eggertsson Architects trabalharam muito próximos durante a fase de concepção do projeto. As formas finais dos edifícios foram resultado de um processo aberto, com contribuições fundamentais de estudantes e voluntários. A sauna está localizada à beira-mar e é a primeira parte visível para os visitantes que chegam de barco. Uma sala de espera nas antigas docas foi remodelada, agora apresentando também banheiros, para acomodar hóspedes à noite. No complexo há outras quatro pequenas unidades de dormitórios. Duas destas são baixas e largas, abrigando camas de solteiro; as outras duas, mais altas e mais estreitas, possuem cada uma dois beliches. Um caminho conduz destes abrigos ao coração do Ambiente de Imersão; a sala de concertos e a cantina.
"As fundações são as mínimas possíveis e consistem em colunas de aço curvadas em ângulos de 15 graus. Descobrimos que nesse ângulo específico elas atingem o solo independentemente, dando a possibilidade de adaptações em altura ao terreno. Desta forma, conseguimos ter fundações pontuais precisas sem grande interferência no solo", diz Yashar Hanstad do TYIN tegnestue,
Ao levantar estes edifícios do chão, criou-se um ambiente interessante embaixo, totalmente visível a partir do caminho principal. Suas fachadas estão revestidas de restos de materiais de outros edifícios, e esta não é apenas uma forma de utilizar plenamente os materiais, mas também uma estratégia prática para construir em um local onde a logística é desafiadora.
"Normalmente, coisas fáceis como acesso a alimentos e disponibilidade de material tornam-se mais difíceis em um contexto isolado de trabalho. Essa é a desvantagem. Mas há também as vantagens, como o isolamento pitoresco e pacífico de informações desnecessárias e objetos redundantes que nos cercam no cotidiano", diz Rintala.
Os edifícios no coração do Ambiente de Imersão são monofuncionais, com a sala de concertos de um lado e a cantina do outro. Um edifício é afastado em relação ao outro. Isso dá à cantina um maior espaço ao ar livre em direção à beira-mar, enquanto a sala de concertos tem seu espaço externo em direção ao caminho dos módulos de dormitórios. O espaço de trabalho "njalla" abriga o espaço de reflexão. Esta é uma interpretação moderna do armazém tradicional do povo sami, os njalla. O Sami njalla é construído a partir do tronco de uma árvore cortada. Isto é duplamente apropriado para o Ambiente de Imersão, uma vez que consegue tanto manter o desejado toque leve no solo quanto respeitar a história da engenharia civil do Norte da Noruega. O njalla é envolvido por um esqueleto de aço, pré-fabricado em Trondheim por estudantes da Waaberg e da NTNU. Posicionado em cima de um pilar, tem uma visão de tirar o fôlego do Mar da Noruega. O espaço de reflexão inspira os sentimentos de liberdade e isolamento.